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sexta-feira, maio 04, 2007

Blog Perolas de Alvaro Caputo.







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Edicao Especial (e unica) de hoje-sera' que precisa mais???
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Nós, os idiotas

"Curva a cabeça, sicambro! Adora o que queimaste e queima o que adoraste." Essas palavras do bispo de Reims assinalaram a conversão de Clóvis ao catolicismo, em 498, e a fundação mítica da França. O rei dos francos abjurou suas convicções pagãs em nome da unidade dos seus súditos e da vitória na guerra. Ele se converteu, não se vendeu.

Na sua posse como ministro, amanhã, Roberto Mangabeira Unger queimará o que escreveu em 2005, quando classificou o governo Lula como "o mais corrupto" da História do país e clamou pelo impeachment do presidente. O intelectual de Harvard começou a se converter à adoração de Lula seis meses depois de publicar seu libelo e, agora, completa o ato de contrição ofertando desculpas ao homem que lhe concede um cargo. O evento consagrará uma operação comercial plena de sentido político.

Uma transação articula-se em torno de dois pólos: o vendedor e o comprador. No caso das convicções do novo ministro, os analistas investigaram as motivações do primeiro pólo, mas pouco se interessaram pelas do segundo.

Mangabeira Unger colecionou fracassos tentando se tornar o Rasputin de Leonel Brizola e de Ciro Gomes. Ao abjurar suas convicções falsificadas para aderir ao salvador da pátria que detém o poder, ele é fiel a si próprio. O arremedo de Rasputin tropical é descartável, mas o líder que o compra não é. Lula não convidou Mangabeira Unger para o círculo ministerial por não ter lido o que este escreveu, mas precisamente por ter lido. Agindo com requintada crueldade, o presidente inventou, para abrigar o intelectual, uma Secretaria de Ações de Longo Prazo que é uma piada literal já alcunhada de Sealopra. Mas a operação não se cinge à humilhação e serve a um objetivo presidencial estratégico: dissolver a ética da convicção no ácido da galhofa pública.

Na pólis grega, a ágora cumpria as funções paralelas de praça do mercado e de fórum político ˜ o lugar do intercâmbio de mercadorias e de idéias. A metáfora do mercado aplica-se à política democrática, na qual o eleitor desempenha o papel de comprador de convicções. A condição para o funcionamento do sistema é que a mercadoria ˜ isto é, a convicção ˜ seja genuína. Quando se difunde a percepção de que no mercado político só se vendem produtos falsificados, os cidadãos abandonam o fórum. Eis a meta perseguida pelo presidente.


Desde a inauguração de seu primeiro mandato, Lula empenha-se em desmoralizar a ética da convicção, a começar pelas suas próprias supostas convicções dos tempos de oposição, agora convertidas em "bravatas". A cooptação de Mangabeira Unger inscreve-se como marco nessa escalada, pois, ao contrário dos deputados mensaleiros, o intelectual de Harvard aliena o patrimônio da convicção política presumida como verdadeira.


No fórum da ágora, os governantes prezam a convicção divergente, que ajuda a configurar o debate público e confere legitimidade democrática ao programa da maioria. O governo Lula teme a divergência de idéias, que invariavelmente enxerga como um complô. O presidente e seus ministros hostilizam a crítica e tendem a preferir a via dos tribunais à da polêmica. Mas estão sempre prontos a pagar a abjuração com um ducado nos amplos domínios da máquina pública.


A esperteza presidencial semeia o solo fértil da crise do sistema político brasileiro. Há uma semana, sob o argumento de que os eleitores absolveram os parlamentares, a Comissão de Ética da Câmara negou-se a reabrir processo contra deputados reeleitos que, temendo a cassação, renunciaram a seus mandatos no curso do escândalo do mensalão. A falácia que garante a impunidade foi sustentada pelo deputado José Eduardo Martins Cardozo, antigo expoente da ala "ética" do PT.


Enquanto o intelectual de Harvard ilustrava a tese lulista de que tudo está à venda e o santarrão "ético" rasgava sua fantasia, Tasso Jereissati demonstrava que o comércio de convicções não está restrito ao governismo. Ao subir a rampa do palácio para prostrar-se diante de Lula num encontro de pauta sigilosa, o presidente do maior partido de oposição aderia à galhofa patrocinada pelo Planalto. Jereissati está dizendo aos eleitores que, diante de interesses inconfessáveis e articulações secretas, suas palavras solenes de ontem valem tanto quanto as de Mangabeira Unger.


Os cidadãos da pólis grega consideravam-se privilegiados por participar da vida política e cunharam o termo idiotis (idiota) para identificar aqueles que evitavam o fórum da ágora. O lulismo persegue tenazmente a meta de esvaziar o fórum, reduzindo a ágora à praça do mercado e convertendo todos os cidadãos em idiotas. Ao que parece, os chefes oficiais da oposição não têm objeções.



Demétrio Magnoli no Globo


COMENTÁRIO:

E O MAIS INTERESSANTE, CARO DEMETRIO MAGNOLI, SERÁ OBSERVAR A LISTA DOS CONVIDADOS PARA A CERIMÔNIA, E DEPOIS A LISTA DOS QUE IRÃO ATÉ O MINISTRO PARA PEDIR FAVORES, ETC. COMO EU DISSE À CAROS AMIGOS, "O INSTRUMENTO MAIS FLEXÍVEL DO UNIVERSO É A ESPINHA DOS INTELECTUAIS". USAREI OS DISTINTIVOS DO LUTO, MAS SABENDO QUE O CADÁVER DOS ACADÊMICOS BRASILEIROS APODRECEU, E O CHEIRO NAUSEANTE SÓ É PERCEBIDO PELOS QUE AINDA NÃO ENTRARAM NA SAGRADA CONFRARIA DOS BROWN-NOSING.ESTA RELIGIÃO UNIVERSITÁRIA AMEAÇA DESBANCAR O CATOLICISMO EM TERMOS NUMÉRICOS. O NOVO MINISTRO É APENAS UM, NO MEIO DE ENORME E ULULANTE MASSA.

Roberto Romano

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