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sábado, maio 12, 2007

No Blog Panorama, De Mario Araujo Filho.

Campina Grande, 12 de maio de 2007

Universidade, expansão e voluntarismo

por Mário Araújo Filho (*)

A quantidade de jovens brasileiros que deveria estar na universidade é muito baixa, em comparação com outros países. É bem-vinda, portanto, uma política educacional que contribua para reverter esse quadro. Seja pela abertura de mais vagas nas universidades públicas, seja pela concessão de bolsas para a ocupação de vagas em instituições privadas.

Quem de fora acompanha, (...) imagina que os cursos já existentes vão "muito bem, obrigado".
Há diversas maneiras de incrementar vagas públicas na educação superior: ampliar a oferta de vagas nos cursos já existentes, oferecer novas vagas em cursos noturnos, implantar e expandir o ensino a distância, investir em cursos pós-secundários e em educação tecnológica - são algumas das alternativas.

É possível também criar novos campi e extensões universitárias, o que exige investimentos volumosos em instalações, infra-estrutura administrativa e novas burocracias universitárias. O governo federal optou, claramente, por esta última modalidade de expansão. Infelizmente, em detrimento da melhoria das condições de ensino e de oferta de novas vagas pelas estruturas existentes.

Quem de fora acompanha o acalorado debate sobre a criação de novos cursos e novos campi, por exemplo, imagina que os cursos já existentes vão "muito bem, obrigado" - e que, por isso, as universidades podem se dar ao luxo de assumir novos encargos sem prejuízo das responsabilidades atuais. E essa é uma avaliação equivocada.

Perguntem a qualquer professor ou estudante de instituição pública como está a situação da maioria dos cursos de graduação da sua universidade em qualquer desses aspectos: docentes disponíveis, laboratórios, equipamentos, salas-de-aula, bibliotecas, infra-estrutura física e de recursos humanos em geral, e ouvirão inúmeros relatos - alguns, dramáticos - sobre as reais condições em que é ministrada a maioria dos cursos.

Quais as razões, então, da implementação dessa política de expansão voluntarista e, em alguns casos, aventureira, com a adesão pressurosa da quase totalidade dos dirigentes universitários? Uma primeira razão (há outras): o governo federal acena com recursos para a implantação desses novos cursos e estruturas - e, evidentemente, só recebe quem aderir... Enquanto isso, estruturas e cursos existentes são praticamente deixados à míngua.

Essa é que é a verdade - e desta pouco chega à opinião pública, inclusive porque se tornou uma espécie de "heresia" qualquer postura crítica diante disso. Mas o futuro dirá.

(*) Professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

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