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domingo, maio 06, 2007

CONCORDO EM GENERO, NUMERO E CASO.

BLOG DE MARTA BELLINI.


06/05/2007

A vinda do Papa Bento Ratzinger



Salvador dali



O peso das falas das TVs contém uma força de persuasão na construção da imagem do Papa Bento XVI e produz no auditório uma outra imagem do conhecido Ratzinger. Desde a retórica aristotélica à pragmática contemporânea, esse processo da construção da imagem de si em um discurso é designado pelo termo ethos. Ethos é como representamos o orador (no caso aqui as TVs constroem o orador, o Papa). Ethos não representa somente o orador, somente o que ele enuncia, mas também as posturas como sorrisos, mãos que gesticulam, o tipo de andar, os olhares. O bom funcionamento do discurso (ou as interações verbais) dependem também das posturas adotadas pelo orador. As TVs estão fazendo isso para o Papa. Ele é mostrado como uma pessoa sorridente, que diz que mudou depois de ser transformado em Papa, vem visitar o Brasil dos pobres e desvalidos, vai canonizar um santo da América Latina, enfim, é outra pessoa. Não é o ethos do Cardeal Ratzinger que analisava documentos da Teologia da Libertação expurgando os pecados desta corrente. Não é o mesmo cardeal que destruiu a Teologia da Libertação expulsando ou condenando ao silêncio os teólogos da libertação. É um Papa que vem ao Brasil, terra brasilis, desesperançada, pronta para receber um salvador. Um auditório passivo. Ontem vi pela TV cenas de corais, cantores que vão cantar para o Papa. Perdoem-me os queridos amigos católicos, mas me pareceu a cena da primeira missa no Brasil. Nós, colonizados, adorando o colonizador.

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