Powered By Blogger

domingo, maio 06, 2007

Um desgosto com a guerra de adjetivos...

Toute généralisation est périlleuse:

se alguém adere à esquerda, ipso facto é idiota? Se alguém situa-se no centro dos debates políticos e ideológicos (quem não se diz ideológico é o mais useiro na produção da ideologia mais primitiva, aquela que tenta se esconder sob a capa da religião ou da ciência) é idiota? Quem pensa segundo parâmetros da direita é idiota?

Fico incomodado com essas formas de tratamento, dirigidas pelos adversários no jogo político.

Sempre convivi com pessoas dos três campos, e digo que elas não eram idiotas.

É bom lembrar que o termo vem da lingua helênica, e significa originalmente "particular, privado". Embora as distinções a que nos acostumamos não tenham grande relevância em Atenas, os cidadãos daquele Estado distinguiam entre as funções coletivas, da família à Assembléia.

idiota, posteriormente, designa quem não se abre para a alteridade, só aprecia e respeita os que pensam segundo os seus conceitos e preconceitos. É possível discordar do juízo alheio, mas com ele aprender, mesmo que tal juízo seja errôneo.

Acredito na dignidade do ser humano, dignidade presente em todos e em cada um dos que pensam, sofrem, desejam, trabalham, riem e choram.

O que me choca, por exemplo, nos militantes petistas e em todos os militantes (sejam eles fascistas, nazistas, comunistas, católicos, protestantes, etc) é o xingatório antes de qualquer raciocínio.

Como reconhecer um militante? Quando o indivíduo, ao ler ou ouvir algo, reage segundo reflexos pavlovianos, solta a torrente de adjetivos que negam a inteligência, a sensibilidade, a honra dos que enunciam esperanças, teses, dúvidas, opostas às defendidas no grupo de fanáticos a que ele pertence.

Exemplo de generalização fanática: o Brasil inteiro gargalhou com as piadas sobre Costa e Silva, o suposto general sem cultura e inteligência. Riu melhor quem riu por último.

Prefiro, dos filósofos, jornalistas, cientistas, os que se apegam às formas fenomênicas, à lógica do discurso inteiro, e depois tudo examinam com rigor implacável, mas com respeito pelos que agem, falam, escrevem. Em todo setor político e de pensamento existem pessoas férteis que, no entanto, podem errar.

Mas os fanáticos imaginam a si mesmos como fontes de infalibidade, beleza, perfeição ética e política. Se pudessem, todos eles andariam de branco e exigiriam o título de Sua Santidade.

São hipócritas, ou energúmenos.

RR

Arquivo do blog