
“Yankees, go home...”
Acusado pela Justiça dos Estados Unidos de se apossar dos dinheiros das obras em São Paulo, Paulo Maluf põe na mesa o valor dos seus votos e do prestígio pessoal para se livrar do que chama de perseguição. A justiça americana detonou o escândalo de propinas em obras públicas. É dinheiro ilegal desviado para bancos no exterior. Eleito deputado com extraordinária votação, o ex-governador de São Paulo deseja que o país forme a seu lado desmentindo o que a Justiça confirmou. Como está, Paulo Maluf não poderá sair do Brasil porque será preso a pedido da Corte americana. Seus advogados alinharam posições de defesa, primeiro dentro de casa. Foi assim que o deputado Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara, oficiou aos ministros Tarso Genro e Celso Amorim em defesa do representante paulista. O documento dos advogados afirma que Maluf é inocente das acusações americanas. Chinaglia se baseou nesses pontos para transmitir argumentos do acusado. E as expressões põem em jogo a posição do país, ao afirmar que a decisão americana é afronta à "soberania do Brasil". Não se sabe que posição será adotada pelo governo para tamanha defesa, mas ela assegura inocência que sabidamente nós não reconhecemos.
Correio
Espetáculo do crescimento : ainda não contaram para os russos...
A carga tributária brasileira segue como o principal obstáculo ao crescimento das empresas, na opinião de 77% dos 150 presidentes de companhias ouvidos pela pesquisa Lide, durante seminário realizado ontem em São Paulo. Em segundo lugar aparece a taxa de juros, com 10%
Gazeta
Sobre o "noço lider"...
De Lula, sobre o convite para antigos oposicionistas, como Geddel Vieira Lima e Mangabeira Unger, fazerem parte de seu ministeriado:
- O fato de a pessoa ter sido contra o presidente... ele tinha que ser contra, porque não fazia parte da coalizão. (...) Muita gente vai engolir o que disse sobre o governo, com muita tranqüilidade. Nada como o passar de tempo.
(Foi aqui que Lula produziu a frase mais emblemática da entrevista até o momento: "Somos metmorfoses ambulantes". Em seguida acrescentou: "Estamos sempre mudando para nos aperfeiçoar". "Metamorfose ambulante" é música de Raul Seixas
......
De Lula, sobre a situação da América Latina e da compra das refinarias da Petrobras pelo governo boliviano:
- Historicamente, esses países todos viram o Brasil como um país imperialista (...) É normal que os países de menor poder econômico vissem no Brasil uma espécie de imperialista (...) Nós estabelecemos entre nós a idéia de que era preciso construir outra dimensão para a política da América do Sul. (...) O fato de isso estar claro não me faz cego sobre a necessidade de a Bolívia ser dona de seu gás. Na hora em que o Evo (Morales, presidente da Bolívia) achou importante comprar as refinarias da Petrobras, para mim está tranqüilo. A riqueza natural é da Bolívia. Ela vende para nós se quiser. Mas quero que quando tiver um contrato seja respeitado.
(Comentário de Noblat: Aqui, Lula confessou que no passado dissera bobagens ao falar "em imperialismo americano". Para ele, não existiu imperialismo americano. Existiu - e existe - "o imperialismo das elites". As nossas, segundo ele, sempre operaram mal, pensando nos seus próprios interesses e esquecendo os do povo. Lula faz por merecer o título que se autoconcedeu há pouco de "metamorfose ambulante". De fato, não tem compromisso com o que pensou um dia. Como não tem com o que está dizendo. A qualquer momento, pode mudar de opinião a respeito de qualquer coisa e alegar, depois, que apenas se aperfeiçoou.)
Noblat
A volta dos que nunca foram.....
Terminou há pouco o primeiro discurso do deputado José Genoino (SP), que se enrolou com o escândalo do mensalão quando presidia o Partido dos Trabalhadores. Durante quinze minutos do seu discurso, Genoino foi brindado com um único e solitário aparte do colega Vicentinho (PT-SP) , ex-presidente da CUT. O plenário estava vazio. Ele culpou a imprensa, especialmente a Veja e Rede Globo, como "autores" dos maiores escrachos quando foi flagrado com as digitais no mensalão. Para agradar o presidente Lula, criticou ásperamente o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza (que o enquadrou como quadrilheiro) e se derramou em elogios à escritora e socióloga petista Marilena Chaui, que sempre o defendeu. Para quem sempre se gabava de abater adversários por meio de discursos, o abatimento de Genoino era evidente.
Claudio Humberto
Os Pensamentos do Dia
Há coisas estranhas acontecendo no Brasil em nome do bem. É bom prestar atenção nelas, começando pelo comentário enviado por Cleiver Moulin:
“Não sei quanto a você, mas fiquei estarrecido com a atitude do deputado Arlindo Chinaglia, incitando seus colegas a iniciar processos em seus estados de origem contra o Arnaldo Jabor, por conta das opiniões nada lisonjeiras emitidas por este a respeito de suas excelências, com o intuito declarado de infernizar a vida do comentarista.
Embora essa atitude, extremamente antidemocrática por seu caráter de tentativa de calar as vozes que destoam do coro lulo-petista, não seja novidade, “nunca antes na história desse país” alguém havia vindo a público defendê-la. Como se fosse coisa corriqueira. Ainda mais sendo presidente da Câmara.
Talvez espante ainda mais que a notícia tenha sido relegada ao terceiro ou quarto plano, enquanto pantomimas como o PAC ou a “indefinição das licenças ambientais” tenham sido extensamente cobertas e comentadas na imprensa.
Podemos até não chegar lá, mas que estamos no caminho do chavismo, estamos.”
Para completar, vale destacar essa declaração do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), uma das referências da esquerda carioca:
“A liberdade de imprensa só tem sentido se ajudar na capilarização da cidadania.”
É louvável a preocupação do parlamentar com o problema da calvície entre os cidadãos. Mas é bom lembrar o quanto é perigoso esse negócio de liberdade com asterisco.
Os últimos a prescrever condições para a liberdade e a democracia foram os militares em 1964. O texto era quase igual: “A democracia só tem sentido se…”
Aquela noite durou vinte anos. E, pelo visto, não ensinou nada.
Guilherme Fiuza no nominimo