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quarta-feira, maio 16, 2007

ZERO HORA DE PORTO ALEGRE: RESCALDOS DA VISITA PAPAL

Igreja e Planalto, um futuro incerto

13/05/2007 - 17:23:00

Em meio à pressão do Vaticano para impor regras rígidas ao rebanho no mundo, o futuro do relacionamento entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Igreja Católica dependerá das posições do governo brasileiro em relação a tabus como a legalização do aborto e da eutanásia (morte de pacientes em estado terminal). Apesar de Lula ter historicamente o respaldo de setores do catolicismo, focos de tensão se tornaram mais evidentes após a escolha do papa Bento XVI, em 2005. Na avaliação de especialistas, o Pontífice é mais conservador do que o antecessor em alguns pontos e retomou um programa radical de dogmas religiosos, como as críticas a pesquisas com células-tronco e transgênicos. O avanço da ala progressista da Igreja, com a qual o presidente se identificou na época do sindicalismo, poderia ter ocorrido sob o pontificado de João Paulo I, que morreu um mês depois de sua eleição. João Paulo II não levou adiante as intenções do antecessor. Desde o fim do ano passado, o Vaticano intensificou a pressão de um acordo com o Brasil, cujo teor é mantido em sigilo. Sem revelar o conteúdo das propostas, o professor de Filosofia, Política e Ética da Unicamp Roberto Romano sustenta que as sugestões da Santa Sé praticamente impunham alguns preceitos, sendo `insuportáveis` ao Brasil, laico há seis séculos. Nenhum presidente, segundo ele, aceitaria as reivindicações papais. Segundo Romano, as alas mais ortodoxas do episcopado se animaram a manifestar opiniões fortes em razão da sintonia com Bento XVI. Mesmo assim, não predominam internamente. Há um equilíbrio de forças entre quem defende o diálogo com o governo e aqueles que querem impor uma pauta ética. Ânimos se acirraram com discussão sobre aborto Com a visita do Papa ao Brasil, alguns ânimos se acirraram. Na linha de frente em defesa de um plebiscito sobre a legalização do aborto, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, comprou brigas com bispos que o acusaram de ser o `ministro da morte`. O Papa, por sua vez, condenou pelo menos duas vezes o aborto e orientou jovens a fazerem da castidade um `baluarte`. - A relação será extremamente tensa, e o governo será acuado. A Igreja mostrou que está disposta a atacar e buscar um estatuto privilegiado na sociedade civil. Não dá para pôr as regras católicas nas leis brasileiras - afirma Romano. Especialistas avaliam que não haverá guerra porque o presidente é hábil. A discussão deve esquentar se o plebiscito sobre o aborto for implementado. Representantes de diferentes credos deverão se unir aos católicos para combater a prática. O professor de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Ricardo Mariano avalia que as relações entre governo e Igreja estão boas no geral. Mesmo sendo enfático em rejeitar o acordo do Papa, Lula manifestou boa vontade em negociar. - Lula não pode privilegiar a Igreja Católica. Senão, é discriminação religiosa. Mesmo assim, a Igreja sempre faz pressão junto aos governos e até lobby religioso. É um ator social importante - diz. Em caso de necessidade, Lula poderá apelar a um amigo íntimo, dom Cláudio Hummes, integrante do núcleo próximo ao Papa. - Não haverá ruptura. Seria loucura e suicídio político pelo peso que a Igreja tem dentro e fora do país. A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) cobra vez que outra, mas é seu papel - afirma Frei Betto.Saiba maisO legadoIgreja abençoada Imprimir

Retornar as notícias Zero Hora / Redação

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